Incomparável, Dionisíaco e Apolíneo The End.




 Olha, eu penso faz tempo como se eu fosse uma ET de outro planeta assistindo um PASSADO acontecer. Eu não penso como uma pessoa cidadã que quer atuar politicamente. Eu tentei ter direitos políticos quando tinha 20 a 30 anos e não consegui. Antes disso eu nunca tive direitos políticos e sofria assédios violentos contra minha integridade física e moral. Depois disso eu sofri ataques violentos intermitentes contra a minha integridade física e moral até pouco tempo atrás. Agora que me encontro exilada na aposentadoria e em um local mais retirado de moradia (em relação aos grandes centros urbanos), eu entendi que nunca tive direitos políticos, a não ser votar em alguém com quem eu não me identificava. Em todos os níveis eleitorais. Então, pra mim é muito fácil olhar para o mundo atual e entende-lo. Eu entendo que a ideia de contaminação, defendida por Le Pen, é realmente eficiente, como discurso político e como pensamento epistemológico. Não digo que é boa ou má, no campo da ética, apenas eficiente no campo da política e da técnica. Se vc for interpretar o fim do Império Romano e ler os debates sobre suas causas verá que até hoje as divergências não foram resolvidas. De onde brotam os novos tempos? As sínteses de contradições? As realizações sublimes das perfeições trágicas nos embates entre Dioniso e Apolo? O Capitalismo não vai acabar, esse capitalismo de 1500 até 2001, e com esse epílogo que vivemos, de um modo conhecido, técnica, filosófica e politicamente. É preciso olhar para os acontecimentos sem ter um ponto de partida na linguagem conhecida. É preciso surfar em terminologias por meio da intuição, da contra-intuição às vezes derivada de um olhar intensamente imanente, às vezes derivada de um sentimento intensamente metafísico. Por exemplo: por que esse meu longo discurso/pensamento não interessa a ninguém e o texto intuitivo e impreciso da Butler, por ocasião do atentado em Paris do Estado Islâmico em 2015, novembro,  deve ser tão lido? Não será essa contradição que movimenta tantos sentimentos relacionados ao aumento dos votos e das escolhas por fundamentalismos, sejam eles onde e quais forem? Por que se vê o militarismo apenas nas armas quando ele está no controle absolutista dos discursos possíveis no campo das visibilidades? Quando a inteligentzia vai se dar conta de que todos os discursos proibidos aos campos de visibilidades estão migrando para algum tipo de fundamentalismo? E que os "campos de visibilidades" (políticas e técnicas, por certo) estão se abrigando atrás de armas? E que carregando essas armas estão sujeitos sociais invisíveis em sua maioria, ou seja, o poder tradicional e consolidado na modernidade não tem mais controle dos exércitos? A Judith Butler diz: "pensemos, pensemos". Eu não vejo saída a não ser um futuro marcado por escolhas religiosas inaugurais e um volume nunca dantes visto de guerras civis, genocídios, guerras imperialistas, epidemias, desastres ecológicos, etc. É "O APOCALIPSE"? Não, é o fim de um mundo que começou há 100 mil anos, talvez. É o fim de uma espécie humana. Depois a história vai continuar com um novo Retorno que ora se insinua, atônito, apolíneo e dionisíaco ao mesmo tempo, um novo porvir para uma nova e inaugural espécie humana, totalmente diferente da nossa, nem melhor e nem pior. Incomparável.