Ilustração: Brecht Vandenbruck |
Apresento um
pensamento e uma escrita anti-textão. É a premissa. Um textão carrega um
determinado séquito de adeptos. Para confronta-lo sempre precisaremos ter outro
textão, com outro séquito. A lógica dos textões é uma legitimidade intrínseca,
um ordenamento entre as palavras que encaixa no território político do vivente
que diz e dos viventes que aplaudem de um modo exatamente perfeito. É próprio
da episteme do textão ele ser naturalmente perfeito para seus seguidores.
Decorre que haverá outro grupo de outros viventes que também entenderão o seu
textão como perfeito, as duas perfeições se roçando, se tocando, negociando uma
mesma realidade, um mesmo contexto ontológico. O textão assim é um negócio
entre partes. Uma mesma guerra, um mesmo ritual. Assim, o textão reflete a
guerra quando reflete um exército dentro dela. É possível sair da guerra por dentro
dela mesma? Sair da guerra por meio de um fim? Essa era a questão das duas
grandes guerras mundiais e de todas as guerras menores. Exceto algumas guerras
milenares que já prefiguravam a impossibilidade de sair da guerra por dentro
dela: a guerra das etnias religiosas no oriente médio e a guerra das etnias
brancas contra as negras, no recorte do continente africano, e nas Américas. E
outras guerras étnicas. Fora a dúvida sobre as possibilidades futuras do homem
e da mulher. Ou de que homem e de que mulher. Sempre deixaremos o grande oriente de fora, por ora. Ele com suas
milenares muralhas a conter a guerra do lado de fora. Esse "lado de
dentro" do grande oriente agora se expande de um modo inédito e
imprevisível. O tempo não urge para quem não segue ninguém. Para quem tem
inadequação consagrada. O circo perdeu grande parte da graça porque ele não funciona sem o pão. E os economistas falam sobre como produzir o pão e a gente não entende e têm medo. A inadequação
agora se conjuga, surpreendentemente, com as grandes muralhas do grande
oriente. A inadequação agora é um lado de dentro, um outro lado de dentro que
não tem mais tempo algum e, portanto, tem todo o tempo do mundo. E, vamos
começar a reflexão a partir daqui, esse lado de dentro agora ocidental e
mundial é, por natureza, doméstico, comum e sacrificável. Eu estou falando de
uma economia que me autoriza e que é a única sobre a qual eu posso falar.
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