Foto: Arli Pacheco. Uma barata esmagada nas ruas do Rio de Janeiro, 2014. |
Mídia, presídios e religiões
Alguns cultos religiosos a mídia persegue ou ignora, mas tem um gosto
pelas religiões de cultos orientados por carismáticos que rendem programas com
audiência garantida. E principalmente apreciam muito a parte dos donativos
gordos que garantem a compra de horários nas emissoras, algumas já de
propriedade das instituições religiosas. Acham bacana ficar ajudando
"alma" que não é preciso muito esforço para a salvação. Não importa
as vigarices e nem a manipulação, desde que seja um espaço bem pago. Mas quando
o assunto cola no debate sobre as "almas" mais perdidas, já a
reportagem muda de tom.
Sobrou no último domingo o preconceito e ficou descarada a
encomendada, em tempos de discussão das condições carcerárias no Brasil e da
discussão da maioridade penal. Afinal a violência rende uma boa audiência e
provocar emoções e sentimentos mais primitivos, é a especialidade da rede Bobo.
Usando a ingenuidade de religiosos tiveram acesso aos espaços de terapia e
ajuda, mas na tentativa de desmoralizar a dedicação de uma comunidade empenhada
na recuperação de apenados. A intervenção alternativa dos religiosos que tem
destaque pela capacidade de transformar as vidas de pessoas - que permanecem
cumprindo suas penas e privados de liberdade - foi manipulada como
"privilégios" indevidos e confrontadas pelas manifestações de
familiares de vítimas marcadas pelo sofrimento de perdas. Uma exploração
desumana e sensacionalista.
Não preocupa essa mídia os
percentuais de população carcerária no Brasil ou a mortalidade de jovens negros
e pobres, ou a violência recorrente das ruas e da vida moderna. Desqualificam
um ambiente quem sabe capaz de mudar histórias de violência e reincidências, em
nome de que interesse? Para a mídia a privação de liberdade para cumprimento de
penas não visa a recuperação ou a ressocialização de apenados, mas a tortura e
a vingança. Tão reflexo! Mas pode a privatização dos presídios, é claro, será
esse o motivo? Sempre existe um motivo, nenhuma matéria é produzida por esses
senhores no acaso. É isso, estão em campanha, aplaudindo até o próximo crime do
eterno solta- prende do sistema carcerário brasileiro. Rende patrocínio, rende
audiência e espetáculo. São negócios.
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