Abaixo a ditadura, que prende e tortura!


Não estou conseguindo postar no facebook, ele está bloqueado pra postagens, o meu, talvez confusão da rede, talvez experiências de censura, sei lá. Tô postando aqui, provisoriamente, não sei se vai entrar, vamos ver.


A Sonia Severo da Silva pede que eu fale sobre religião e o cristianismo. Soninha, eu tenho menos de meia hora por dia para postar no FB, e embora esse assunto seja muito importante, estou com duas prioridades na pauta deste mural meu: o congresso dos servidores públicos federais (e a discussão sobre o programa judicial eletrônico) e um debate sobre a importância e o significado de Gilles Deleuze, uma versão do autonomismo, que é uma das correntes de pensamento que estão mais próximas da grande tradição anarquista. Preciso atuar nesses dois debates porque estamos vendo surgir, se iluminar, uma ditadura no Brasil que vem sendo construída desde 1990, mais ou menos, e o autonomismo é a única linguagem que tem condições teóricas de defender os meninos black bloc que estão sendo as "Geni" da vez: quando eles eram só punks das ruas ninguém se interessava por eles, embora fossem vistosos e polêmicos, e agora os meninos anarquistas estão sendo presos e agredidos e, ainda por cima, linchados pela esquerda tradicional. Preciso defendê-los, ajudar a resistência a defendê-los. Essa minha atitude esta compatível com o fluxo de uma das mais fortes tradições cristãs: o cristianismo ligado aos pobres e agredidos seres humanos comuns. Penso que o que esse autor que você citou, um intelectual defendendo a inexistência real de um indivíduo Jesus Cristo, quer combater é o modo como o cristianismo acaba servindo ao sistema de dominação imperialista; não vou ler agora, mas desconfio que ele não esteja falando em religião, no conteúdo das religiões, naquilo que dentro da religião é religião e não política. Esses agnósticos e ateus, ou simplesmente racionalistas positivistas, que só miram na figura de Jesus Cristo e o apagam com uma borracha pseudo científica são mais um dos discursos que andam vagando, perdidos, no interior da barbárie que vivemos. Temos discursos perdidos à direita e à esquerda. A barbárie é isso mesmo: uma desconfiguração da cultura hegemônica e o aparecimento de uma salada de frutas de sub-culturas, ou pedaços de tradições desmontadas. A barbárie é visivelmente esquizofrênica. É um verdadeiro coro de náufragos. A civilização do futuro recolherá somente aquilo que for útil ao seu "modo de produção da vida", mas duvido que Jesus Cristo desapareça. Ele, assim como Robim Hood e todas as versões dos guerreiros solitários e sem poder, e Maria Madalena em todas as versões de femininos marginalizados (Joana D'arc, as "Genis" e as bruxas medievais, as Casandras (mito grego da vidente fóbica) e as figuras magras e nuas dos sanyasis, os pregadores do desapego, são arquétipos do bom do ser humano: o cuidado, a compaixão, a entrega aos mais fracos. Nesse caso, há uma linha de ligação entre esse cristo e os blacks blocs que estão apanhando para defender todos os brasileiros do imperialismo senil. Assim que eu conseguir sair da linha de produção das galeras brasileiras, das senzalas e dos campos de cana de açúcar atuais, desse escravismo das telas em rede de programas dedicados à massacrar os seres comuns, quando me aposentar, vou escrever mais sobre religião. Segure o tema pra mim, querida colega. Continue mandando coisas pra eu ler e ver, mesmo que rapidinho. O FB funciona assim e os comuns também. Abração, e muito obrigada!


Sem revisão, mesmo, primeira versão, tentativa de postagem (dois dias depois, uma revisão rápida e postagem permitida no FB, pós leilão de Libras)

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